Por Renato Vargens
Em quase todo o
país tornou-se comum o aparecimento de boates gospel.
Usando do álibe da
evangelização, inúmeros líderes evangélicos tem organizado o que
chamam de
"Night Song Gospel".
Nesta perspectiva é
comum encontrarmos milhares de jovens dançando os mais famosos hits da música
gospel.
Em ambientes
assim é comum encontrarmos globo espelhado, canhões de luz, estroboscópio
e fumaça, os quais fazem parte de um contexto especial onde em nome
de Deus, DJs e MC’s embalam adolescentes e jovens em suas
"danças" para Jesus.
Há pouco vi uma
faixa que convidava a juventude crista a participar de um evento deste nipe,
onde o convite principal destinava-se a todos aqueles que desejassem sentir as
"batidas de Deus em seus corações."
Caro leitor, infelizmente em nome da
contextualização e da necessidade de se modernizar a propagação da Palavra de
Deus, tem sido comum por parte de alguns pastores e líderes evangélicos a
utilização de estratégias diferenciadas na “evangelização”. Lamentavelmente a
cada instante, movidos por poderosas revelações, novas e mirabolantes
estratégias tem sido criadas na expectativa de arrebanhar para os apriscos da
fé, um número cada vez mais significativo de jovens. E é pensando assim que
eventos dos mais estranhos possíveis têm sido criados por parte da liderança
evangélica neste país, como por exemplo, o aparecimento de boates e discotecas
gospel.
Pois é, para alguns
pastores, boates e discotecas tornaram-se “álibis” indispensáveis para se
pregar “as boas novas” de Cristo Jesus. Na verdade, neste Brasil tupiniquim,
cada vez mais em nome de uma liberdade cristã, os jovens abandonam a palavra e
o discipulado bíblico em detrimento às festas e eventos que celebram
efusivamente o hedonismo exacerbado de um tempo pós-moderno.
Caro leitor,
confesso que fico estupefato com a capacidade evangélica de elucubrar sandices
e fabricar heresias. Como já escrevi anteriormente, estou absolutamente
perplexo e preocupado com os rumos da igreja evangélica brasileira. Isto
porque, em detrimento do “novo” têm-se optado por um caminho onde se negocia o
que não se pode negociar.
Talvez ao ler este
texto você esteja dizendo consigo mesmo: " O pastor Renato caretou de
vez! Será que ele não está entendendo que os jovens só virão a Cristo se oferecermos
a eles entretenimento? Será que ele não compreende que a rapaziada precisa
entender que não somos bitolados? Será que ele não consegue discernir que somos
jovens e precisamos nos divertir?"
Charles Spurgeon,
um dos maiores pregadores de todos os tempos, afirmou há quase 150 anos, que o
adversário das nossas almas tem agido como o fermento, levedando toda a massa.
Segundo o príncipe dos pregadores o diabo criou algo mais perspicaz do que
sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as
pessoas, com vistas a ganhá-las.
Spurgeon afirmou
que a igreja de Cristo não tinha por obrigação promover entretenimento àqueles
que a igreja visitava. Antes pelo contrário, o Evangelho com todas as suas
implicações precisava ser pregado de forma simples e objetiva.
Hoje, quase 120
anos após a morte de Spurgeon, boa parte da igreja brasileira promove em suas
liturgias estruturas lúdicas e leves onde de forma simplista e descontraída o
“evangelho politicamente correto” é anunciado. Na verdade, ouso afirmar que
mediante o pluralismo eclesiástico de nosso tempo, encontramos uma variedade
enorme de igrejas que anunciam o evangelho de Cristo segundo o gosto do
freguês.
Como já havia
escrito inúmeras vezes não suporto mais a efervescência da graça barata, o
mercantilismo gospel, a banalização da fé. Infelizmente, Sou obrigado a
confessar que fico impressionado com alguns devaneios por parte do povo
evangélico, até porque, no quesito criatividade alguns dos nossos irmãos têm
conseguido se superar.
Com dor no coração
sou obrigado a confessar essa gente não têm pregado o evangelho do reino. Antes
pelo contrário, o evangelho o qual estes têm pregado é humanista, megalomaníaco
e antropocêntrico.
Prezado leitor, ser
protestante, não é somente se identificar com o protesto feito pelos
reformadores contra a corrupção eclesiástica e o falso ensinamento católico do
século XVI; é muito mais do que isso. Ser protestante, é viver debaixo de um
avivamento integral, é resgatar os valores indispensáveis a fé bíblica através
da Palavra, é proclamar incondicionalmente a mensagem da graça de Deus em
Cristo Jesus.
O lema
"Eclésia reformata, semper reformanda", deveria estar sempre
ressoando em nossos ouvidos e corações, desafiando-nos à responsabilidade de
continuamente caminharmos segundo a Palavra, sem nos deixarmos levar por ventos
de doutrinas e movimentos que tentam transformar a Igreja de Cristo, num circo
eclesiástico, nas mãos de líderes equivocados, que manipulam o povo ao seu bel
prazer, tudo isso em nome de Deus!
Uma nova reforma
já!
Soli Deo Gloria.
Renato Vargens
Um comentário:
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